quinta-feira, 22 de julho de 2010

O elevador

ELE sempre gostou dela. ELA nunca ligava para ele. Até aquele dia.

Eles estavam na festa de uma colega em comum. Já era tarde e ela decidiu ir embora. Ele aproveitou o momento e disse que ia embora também - tinha que acordar cedo no dia seguinte. Ela achou um tanto ‘conveniente’ a saída dele, mas não falou nada. Eles, então, se despediram de todos e foram em direção ao elevador.

Já tinham conversado lá dentro do apartamento, no meio dos outros amigos. Ele já sabia que ela não estava mais namorando. Ela já sabia que ele ainda tinha namorada. Ele já sabia que ela estava com uma viagem marcada e emprego novo. Ela já sabia que ele tinha acabado de comprar um carro novo e que os pais estavam na Europa. Eles já sabiam das novidades, então o que falar agora, que estavam a sós ali esperando o bendito elevador?

Trocaram olhares. Nada do elevador. O prédio era alto. Olharam para os lados. Falaram então de um tema universal: o tempo! Ela disse: nossa, esfriou bastante, né?! Ele concordou. O elevador estava quase chegando. Enquanto isso, ele a olhava fixamente e ela estava sem graça. Cadê as palavras quando a gente precisa delas? O elevador chegou – graças a Deus, pensou ela.

Ledo engano. Eles entraram no elevador e ela logo percebeu que o ambiente era menor que o corredor. Óbvio. Na verdade, pequeno e vazio demais para os dois. Ela arrumou o cabelo e ele continuava olhando para ela. Ela abaixou a cabeça, levantou novamente e lá estavam os olhos dele. Decidiu reparar nele também – ia olhar para onde mais?

Observou os jeans, o tênis, a camiseta, a barba por fazer e o relógio dele – bela combinação. Notou o quanto ele era alto, que parecia estar mais forte e que tinha uma boca bonita. Ela de repente ficou ainda mais sem graça. Percebeu que estava começando a imaginar coisas com a boca dele. Agora, eram os olhos dele nela e os olhos dela na boca dele.

Poxa, elevadores costumavam ser tão rápidos ao percorrer 11 andares. Esse não estava normal – parecia que eles estavam ali por uma eternidade. Outra coisa que não estava normal era a tensão entre os dois – era quase palpável nesse momento.

Ela sentiu vontade de ser beijada por ele. Desejou que ele fizesse alguma coisa e rápido. Mas ele continuava só olhando para ela – claro, ele tinha namorada. Ela tentou se controlar. Ficou imóvel e pensou, quase em desespero: ‘então pára de me olhar assim, cara’.

E ele sentiu muita vontade de beija-la. Pela primeira vez notou um interesse da parte dela. Era o momento ideal. Lembrou da namorada. Depois pensou no quanto já tinha desejado uma situação como essa com a menina que estava ali na frente dele. Mas continuou apenas contemplando-a, reparando no vestido verde, nos cabelos levemente ondulados e nos olhos pretos. E imaginando um possível toque. Mas imóvel.

A porta do elevador se abriu. Ufa! Sairam daquele cubículo e foram caminhando em direção a portaria, renovados pelo ar ‘puro'. Mas foi um misto de alívio e decepção. O que não poderia ter acontecido naquele elevador, hein?!

Por fim, eles finalmente se despediram - em vão. Continuaram a andar na mesma direção. Seus carros estavam estacionados lado a lado. Outra coisa ‘conveniente’. Quando foram se despedir de novo, ela deu um beijo no rosto dele. Ele pensou em voz alta (talvez muito alta): vai ser esse o beijo de boa-noite?

Aí não teve jeito. Eles se beijaram. E a culpa? Do bendito elevador.

5 comentários:

Unknown disse...

ROSANA!
caralho! omg!
véi!
meudeus!
ok, não sei me expressar muito bem!
rapaz, você escreve pra mim! eu sei que escreve!! rosana, sério, morri!
sem mais.

Lara disse...

E eu tou aqui lendo o texto crente q é mais um da Steph.
Qnd chego no fim...ROSANA.
Choquei!!!!
Mto bom, Rô!
Me senti numa versão brasileira de Grey's Anatomy!
Hahahahahahaha

E que pena q na minah casa nao tem elevador....Vou passar a ir mais em predios...

Beijo

Druidan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Druidan disse...

Hahahaha perfeito o conto!!!

Mas eu queria esses carros parados e a ousadia no final de toda noite, normalmente os carros estão na pqp, e a despedida é só normal!!

Outro momento tenso, é o da carona, com o passar de marcha - roçar na perna, e o beijo praticamente um em cima do outro e com possibilidade de cair... #TensãoemCristo

Rubinho Pereira disse...

Rosana, seu sorriso é lindo e sua letra também!

Beijo delícia esse que vc contou...



(E sobre seu dilema, casar, comprar uma bike, bora pedalar, menina! :)* )



bjs..

Muito bacana o blog de vcs!!
Parabéns, queridonas!!
Voltarei mais!

Obrigado!!
até..


♥(^L^)r.