Todo mundo reclama da vida. Não importa quão positivos (ou até mesmo Pollyanas) sejamos. Em algum momento vamos nos sentir frustrados, incomodados, revoltados, decepcionados e vamos reclamar. Seja via Twitter, blog, Gtalk ou até mesmo por meio da fala (Incrível como a nossa comunicação mudou, né?), o fato é que vamos choramingar. E o que há de errado nisso?
Reclamar faz parte da natureza humana, não? Bom, da minha faz! E eu sou humana, então... O que eu quero dizer é que se não é normal, pelo menos é comum chorar pitangas. E sempre vai ter alguém para concordar com a gente. Já percebeu? Sempre tem alguém que também detesta segundas-feiras ou que também está de dieta. Ou alguém que quer matar todo mundo no trânsito ou chutar o balde e mudar para Lua. Sempre tem um para reclamar da NET, das operadoras de celular, dos restaurantes, dos filmes ruins, de tudo. E se você parar para pensar nisso, vai ver que nossa miséria procura companhia. Quando você não aguenta mais a academia, você liga para aquela amiga que está na mesma que você só para ver que você não está sozinho. Ou quando você trava uma batalha telemártica de horas com a atendente de algum SAC, você se vangloria para aquele colega que também se orgulha de fazer o mesmo. Vai dizer que não? É sempre assim!
Mas aí vem aqueles dias piores em que você constata que está vivendo uma vida de cão: seu salário não dá para nada, você está acima do peso, suas roupas ficam horrorosas em você, seus amigos têm vida social e você não, você não é bem-sucedido como achou que seria, seu cabelo está de mal de você, a falta de chuva está acabando com sua pele, tudo está errado. Aí, meu amigo, nem chocolate na causa, né? Bate mesmo aquela depressão do cão e nada te tira do fundo do poço. Muito pelo contrário! Sempre vai ter alguém para te puxar mais para baixo...
Contra isso, ainda não achei remédio. Acho que ninguém achou, né? Parece que o tempo melhora as coisas e vem sempre um outro dia, um seriado novo, uma pessoa nova, uma comida ou um gesto de carinho de alguém para te levantar e te empurrar de volta para o mundo real e para sua vidinha de cão. E aí me pergunto: isso é mesmo vida de cão? Ô expressãozinha mais mal empregada, viu?
Tem muito cachorro por aí sofrendo, mas aqui em casa, vida de cão é vida de rei. É cama, comida e coçadinha na barriga! Não tem preocupação, nem trabalho, nem stress. E quando faz alguma coisa errada, é só fazer uma carinha de coitado que já está tudo bem. Todo mundo se derrete... Cachorro sim sabe apreciar a vida! Eles ficam felizes com pouco e sabem dar valor às pessoas certas. Nunca se decepcionam. Balançam o rabinho para o dono amigo e sabem que nada vale mais que um buraco bem cavado, um pratinho de água fresca e uma caixa de brinquedo. Eles não julgam como nós. Perdoam e sabem se entregar de corpo e alma. Sabem ser amigos de verdade, sem pedir nada em troca.
E isso é vida de cão? Se é, é essa vida que eu quero para mim! Quero uma vida mais amena, mais simples e mais verdadeira. Quando tudo estiver ruim, vou deitar no sofá e tirar um cochilinho no colo de alguém até tudo passar. Quando eu tiver ânimo, vou correr pelo jardim loucamente até minha língua não caber mais dentro da boca. Depois vou encher de beijos aqueles que gostam de mim e pedir um pouco de carinho. Se encontrar quem não me interessa por aí, mostro meus dentes e sigo meu caminho. Não guardo máguas e nem ressentimentos. Não me policio e faço o que quero. Se eu errar, peço desculpa do jeito mais charmoso que eu puder e deixo isso para lá. Viver que nem cachorro é viver intensamente. Cada minuto como se fosse o último. Da maneira mais honesta possível. Como a vida devia ser vivida. Talvez algumas das grandes lições que temos que aprender estejam bem debaixo de nossos narizes, latindo para gente. Já pensou nisso?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Vida de cão
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domingo, 26 de setembro de 2010
palavreando
O que vale mais - gestos ou palavras?
Por mais que nós sonhamos que aquele gatinho do carro branco ligue pra gente quando disse que ia ligar, por mais que rezamos que ele queira, nem que seja só uma vezinha sequer, nos fazer uma surpresa, se lembrar de algo que dissemos, por mais que ele se dobre em quatro, faça tudo que a gente sempre desejou ainda vai ficar faltando algo - aquela verbalizaçãozinha que nem importa mais depois dele praticamente te dar um continente inteiro. Sim, ainda assim vamos querer uma afirmação verbal do quanto somos importante, bonitas, inteligentes.
Não me limito em dizer que isso se restringe ao amor. Todo mundo quer uma verbalização positiva a seu respeito. Você estudou (claro, depois de deixar tudo para o último minuto, depois de enrolar o final de semana todo, depois de curtir o namoro, depois de ir ao cinema ver aquele filme que você nem fazia tanta questão) e foi bem na prova! Vai dizer que não é bom escutar um: "nossa, você é f*da, hein!?"
Eu sei, eu também sou assim. É por isso que eu acredito que palavras falam mais que gestos, que palavras são verdadeiros orgasmos para os nossos ouvidos. Afrodisíaco mesmo é saber que alguém disse algo bom a nosso respeito, sobre o nosso novo corte de cabelo, sobre nosso emprego, curso, artigo! Então termino o post reforçando: rapazes, amigos, digam tudo o que sentem por nós, ressaltem os pontos positivos, assim, assim....isso!
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Com que freqüência você lê?
Postado por As Queridonas às 8:50 PM 1 comentários
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010
a crônica da caixinha
Enquanto eu olhava pela última vez as ruas de Brasília e me despedia silenciosamente das minhas memórias você olhou pra mim - talvez pela primeira vez.
"Por que você está tão triste? Não era isso que você queria?"
"Continua sendo o que eu quero."
"Então por que essa cara?"
"Acho que a pergunta certa seria, o que você está fazendo aqui?"
"Como assim?"
"Faz mais de um ano que não nos vemos ou nos falamos direito e por alguma razão, de todas as pessoas que eu conheço e realmente se importam comigo, você é quem está me levando para o aeroporto."
"Não faz tanto tempo assim, faz?"
Ainda com a cabeça encostada no vidro e olhando para a paisagem respondi que de fato fazia um ano que não nos víamos.
Foi você quem finalmente quebrou aquele silêncio esmagador: "Acho que nunca te agradeci pelo chaveiro que me deu hoje."
Ainda sem olhar para ele, ri. "De nada. Você também nunca agradeceu o outro chaveiro que te dei de aniversário uns anos atrás."
"Agradeci sim!"
Ignorei o comentário. "Aliás, por que ele não está aqui com suas chaves?" Tirei o meu rosto do vidro, sentei direito e o encarei.
"Ele está guardado em uma caixinha no meu guarda-roupa."
Sem pensar, respondi: "Ah, assim como a nossa amizade."
Você quase ultrapassou o sinal vermelho. "Como assim como a nossa amizade?"
"Assim como você guardou o chaveiro em uma caixinha, você decidiu guardar a nossa amizade lá também. Faz mais de um ano que temos uma conversa decente e você entra e sai da minha vida a sua conveniência. Fico chateada que nossa amizade, melhor, que eu sou do tamanho de uma caixinha e que fico acumulando poeira em cima de várias outras coisas que cabem dentro de um armário."
Você nunca teve coragem de responder e o resto da ida até o aeroporto foi gritantemente silenciosa.
Quando eu finalmente embarquei recebi uma mensagem sua, mas não tive coragem de ler e deletei na hora.
Alguns anos depois, nos encontramos em um supermercado e você perguntou por que eu nunca respondi aquela mensagem. Fui honesta e disse que nunca cheguei a ler. Você me contou o que tinha escrito.
E daí eu olhei para você e percebi como você era de verdade - talvez pela primeira vez.
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terça-feira, 21 de setembro de 2010
Três desejos
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domingo, 19 de setembro de 2010
la dolce vita
Eis o que eu faço quando não estou escrevendo!
o início: a massa |
produto semi-feito: quase lá! |
hora de enfeitar: maquiagem culinária |
segundos antes de desaparecer |
deliciosamente artístico |
em seu tamanho original |
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sábado, 18 de setembro de 2010
recortes pt. 7
Foi então que o engenheiro aproximou-se dos velhos amigos e disse: “Mas você hein, não perde tempo!” e deu aquele tapinha nas costas do músico como de aprovação.
Constrangido e não aprovando aquele comentário ele respondeu: “Do que você está falando?”
“Uma mulher cancela com você e em menos de vinte quatro horas já arruma outra? Isso é realmente impressionante!” Sabia que esse comentário não era verdadeiro, mas estava curioso para ver como seu amigo reagiria.
“Ah! Então quer dizer que você veio afogar as magoas?” A loira perguntou.
“Não, só vim aqui para me distrair um pouco...”
“Ele estava arrasado quando seus planos foram cancelados!” disse o engenheiro
“Pela namorada...?” A loira perguntou de tal modo que parecia que ela torcia pela resposta negativa.
“Não” Ambos os rapazes responderam ao mesmo tempo.
“Não, quer dizer, bem, ela não é minha namorada, é só uma amiga” o músico tentou esclarecer.
“Você estava muito triste para ela ser só sua amiga...” o engenheiro provocou.
“Então se ela é só uma amiga, não terá problema de você me dar uma carona para casa não é mesmo?” A loira perguntou, e a cada pergunta se aproximando um pouco mais.
“Bom, eu já estou de saída, pode ser agora?”
“Pode!” E levantou-se rapidamente e o pegou pelo braço.
Durante a caminhada até seu carro, a loira tinha falado que tinha deixado sua chave com a sua amiga que morava com ela, mas só voltaria mais tarde e perguntou se não seria incômodo esperar por ela em seu apartamento.
Ele olhou para ela e pensou nos comentários que o engenheiro tinha feito durante a noite e finalmente concordou com o pedido. Estavam os dois já bem embriagados quando chegaram em casa e ela já segurando seu sapatos nas mãos praticamente se jogava para cima dele.
Entraram no apartamento e não tinha ninguém em casa. Já estava tarde e talvez por cansaço ou talvez pelo simples fato de estar bêbado, foram até seu quarto e como uma vela que se apaga por um simples vento, a luz que vinha do seu quarto se apagou.
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
recortes pt. 6
No outro lado da linha, o músico olhava para o celular que tinha terminado nossa conversa de maneira abrupta e riu. Sabia que eu era péssima em carregar meu celular e sabia que provavelmente a bateria tinha acabado mais uma vez no meio de uma de nossas conversas. Pondo o celular no bolso, foi até seu quarto onde estava o engenheiro.
“Que cara é essa?” disse o engenheiro ao o ver entrar no quarto.
“Ah, meus planos foram cancelados hoje...” respondeu olhando para o chão.
“E desde quando isso é motivo para ficar em casa olhando para o chão? Vamos sair! Barzinho é o que não falta nessa cidade!”
“Ah, acho que é melhor ficar em casa mesmo, amanha tenho que acordar cedo..”
“Então quer dizer que pode voltar tarde do cinema, mas não de um barzinho para casa? É isso que eu estou ouvindo?”
“Ha-Ha, no cinema pelo menos eu não chegaria em casa bêbado!”
“Vamos beber só para relaxar então, não temos nada melhor para fazer mesmo! Vamos, aposto que o resto do pessoal deve estar por lá...”
Hesitou um pouco, sabia que não era uma boa idéia ir, mas se deixou levar pela pressão do engenheiro.
....
O barzinho estava lotado para variar. Quando chegaram lá, logo avistaram um grupo de amigos seus que estudaram com eles na faculdade. A noite estava agradável e uma cerveja gelada era o que faltava para tornar aquele cenário ideal. Assim que sentaram, avistaram uma mesa de mulheres que usavam jalecos brancos. Assim que o músico tinha sentado percebeu que uma delas em particular não parava de o olhar. Achou aquilo estranho, pois nunca tinha a visto antes.
Depois de algumas horas, e algumas várias cervejas, a mulher que o olhava, a loira, se sentou no lugar vazio do lado do músico.
“Você não se lembra de mim, não é? Ela falou se inclinando um pouco perto demais dele.
“E é pra lembrar?” Ele perguntou, tentando se afastar.
“Já fomos casados! Como não se lembra de mim?” Ela riu e ele ficou momentaneamente petrificado em seu lugar esperando uma explicação.
“Sim, acho que estávamos na terceira série, e nós éramos o casal da festa junina do colégio. O padre nos casou e tudo!” Continuou rindo e Ele finalmente parece ter se situado em relação aquela estranha.
“Ah! Nossa! Aquilo foi há mil séculos atrás! Como se lembrou de mim?” Perguntou realmente surpreso.
“Uma mulher nunca esquece seu primeiro marido!”
O engenheiro, presenciando essa conversa toda, percebeu que a loira queria algo mais daquela conversa, enquanto o músico parecia realmente só estar lá pela conversa. Sabia que seu amigo estava triste em relação ao furo da amiga, mas ele (o engenheiro) levava o rancor dela nunca ter ligado para ele e nem mesmo ter mencionado sequer uma vez seu encontro na festa. Sabia também que seria só uma questão de tempo até que eles (a menina e o músico) se entendessem e ficassem juntos. O engenheiro estava decidido a não deixar isso acontecer sem ele ter sua devida chance com ela.
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Encabulada (final)
Depois de alguns dias, ela já estava bem melhor. E, de fato, tinha aprendido alguma coisa: o tempo é mesmo o melhor remédio! Mas eis que, na segunda-feira antes do tal concurso, vem a surpresa: a caminho do trabalho, ela recebe uma ligação do dito-cujo, querendo saber se eles poderiam se encontrar no final da tarde. Ela inicialmente ficou sem saber o que dizer, pois esperava que o encontro fosse acontecer só na semana seguinte, mas disse que daria um jeito. A esperança de colocar os pingos nos ‘is’ - de uma vez por todas - a deixou estranhamente animada.
Para o encontro, o rapaz sugeriu a torteria favorita dela, mas ela disse que a praça de alimentação do shopping estava de bom tamanho e era mais perto. Marcaram no shopping, às 19 horas. Sempre pontuais, os dois chegaram quase juntos e ele, tentando criar um clima mais amistoso, foi logo perguntando sobre o dia dela. Ela, curta e grossa e sem um pingo de paciência, disse que não interessava e que era melhor irem direto ao ponto.
Ele então começou a se explicar e disse que queria uma espécie de tempo, que precisava acertar os 'ponteiros', mas que gostava muuuito dela. Aham. Ela imediatamente rejeitou a proposta do 'tempo' e disse que, considerando a situação, era melhor não ficarem juntos mesmo, que cada um deveria seguir com sua vida e que ele poderia ficar tranquilo para ficar com quem ele quisesse.
Confuso (ou se fazendo de confuso), ele disse que não estava entendendo a reação dela e que não tinha ninguém na vida dele. Ela, meio nervosa, riu. O rapaz, percebendo a delicadeza da situação, jurou por tudo que é mais sagrado que não tinha outra pessoa na vida dele e que apesar de gostar muito dela, a viagem tinha ajudado ele a ver as coisas sob outra perspectiva e que ele só estava precisando de um tempo para repensar a vida dele - sozinho. Era só isso.
Querendo por um fim ao encontro, ela disse que não se importava com o que pudesse ter acontecido de verdade e nem com as repensadas da vida dele, mas que ele devia ter sérios problemas por apresentar uma mudança de comportamento tão abrupta sem um motivo decente. Ela concluiu a conversa dizendo que talvez fosse melhor ele ficar sozinho mesmo, e pediu para que nunca mais a procurasse, ligasse ou mandasse mensagem. Era melhor assim. E sem perder tempo ou dar a ele a chance de prolongar o diálogo, ela levantou-se e foi embora, enquanto ele ficou ali - com aquela cara de pastel sentado a mesa.
Era A separação (definitiva!). E a verdade era que ela não fazia questão de trocar o adjetivo dessa vez - pois sabia que isso poderia machucá-la ainda mais. Mas não era verdade que ela não se importava com a verdadeira causa de toda a mudança. "Será que ele estava dizendo a verdade? Será que não tem mais ninguém? Será que ele nunca mais vai me procurar mesmo?" - eram pensamentos que insistiam em permanecer na sua cabeça; e ela ficou encabulada pensando nisso por um bom tempo, mas confiando que o melhor remédio (o tempo) logo logo faria efeito...
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Encabulada (continuação)
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terça-feira, 14 de setembro de 2010
Encabulada
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domingo, 12 de setembro de 2010
recortes pt. 5
Já se fazia dois meses que tínhamos nossas aulinhas de violão semanais e por mais que estava ficando impossível conciliar meus estudos da universidade com a música noturna, eu estava me divertindo demais para poder parar. Além das "aulas" duas vezes por semana, tínhamos nossos almoços semanais também. Toda quarta-feira ele me encontrava na universidade e almoçava comigo no RU. Era engraçado o ver todo arrumado enquanto ninguém mais no refeitório usava uma gravata. (Sim, o músico, durante o dia era concursado!) Ele rapidamente fez amizades com os meus amigos e quando não dava para ele me encontrar para almoçar todos reclamavam de sua ausência.
Além dos nossos almoços e conversas, mandávamos e-mails com piadas ou reportagens interessantes e eu até tinha o convencido a me acompanhar a varias exposições de arte e cinema, atividades que nunca teria feito se não fosse meus empurrõezinhos estratégicos, mas sempre bem intencionados. Ultimamente estávamos passando muito tempo juntos. Sempre nos falávamos por telefone e aqueles encontros semanais rapidamente viraram encontros diários. Acho que grande parte da nossa afinidade vinha do fato de sermos tão diferentes um do outro, e foram exatamente essas diferenças que nos aproximava.
Um dia que tínhamos planejado ir ver uma mostra de filmes em francês no CCBB, mas eu tinha uma prova no dia seguinte e devido a falta de tempo, não tinha estudado a matéria ainda.
O músico me ligou com a maior empolgação do mundo para confirmar nosso cinema: “Não acredito que estou animado de verdade para ir ver um filme em francês! Só você mesmo para me fazer ver uma coisa dessas!” Ele falou rindo.
“Ah, sobre isso, por favor não me odeie! Tenho prova amanhã, e não vai dar para ir!” Falei essas palavras com o coração carregado, maldita prova, realmente queria ir!
“Ah, mas você é inteligente, não precisa estudar! Te busco em casa às 7 da noite!”
Percebi que tentava me elogiar para conseguir o que queria. “Ah, claro! Se sou tão inteligente assim então para que ir a universidade? Já sei o suficiente e portanto vou parar de ir e um emprego vai automaticamente cair do céu!” Respondi com o mesmo tom brincalhão dele.
“Esse é o espírito da coisa! E de qualquer forma, você vai sempre ter esse seu músico aqui para te sustentar!” Ele falou isso, provavelmente brincando sem perceber o efeito que essas palavras tinham sobre mim, e houve uma pausa um pouco maior que se esperava da minha parte.
“Está aí ainda?” Ele perguntou.
“Sim, desculpe, um brinco meu tinha caído aqui no chão...”
“Ah, ta...”
Sabia que ele não tinha acreditado muito em mim.
Esse era o problema da nossa amizade, ao mesmo tempo em que ambos queríamos mais alguma coisa, nenhum de nós era capaz de dar o primeiro passo. Não sei o que o impedia, mas da minha parte com certeza era medo de ser rejeitada e perder o que tínhamos.
“Olha, prometo que saímos amanha sem falta! Te deixo até me levar para um barzinho, que tal? Eu realmente preciso estudar!”
“Não, tudo bem, a gente se fala mais tarde ou amanha então...” Percebi que ele não estava muito feliz com minha mudança de planos.
“Pode ir sem mim para o cinema, aproveita e leva um dos seus amigos e apresente a eles o maravilhoso mundo do cinema europeu!” Ele não se convenceu muito, mas percebeu que a prova devia ser importante para eu perder um cinema, um dos meus programas favoritos e me deixou ir.
"Ah, claro! Vou chamar o engenheiro para ir lá ver comigo então, aposto que estava morrendo de vontade de ir mesmo!"
Senti-me um pouco mais aliviada vendo que ele já estava fazendo piadinhas e como meu celular estava com a bateria fraca, ele acabou a nossa conversa por nós. Foi melhor assim, eu realmente precisava estudar. Peguei meus livros e fui até a biblioteca e percebi que a noite seria longa.
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Ah, se soubesse...
Ah, se eu soubesse...
como ficar milionária sem fazer esforço
como criar um avatar para malhar e para corrigir redação por mim
como me livrar de gente incoveniente para sempre
como trocar o pneu do carro
como achar tudo que eu perdi
como cozinhar decentemente
como derrotar a preguiça
como resistir a tentação do bombom nosso de cada dia e da pipoca
como saber quem vale a pena e quem não vale
como ter coragem sem ter medo
como lidar com meu próprio humor
como fazer as perguntas certas
como encontrar a plenitude
como não querer matar algumas pessoas
como dar conta da minha vida sem me afogar
como voltar para borda da piscina
como botar um basta nas histórias mal resolvidas
Ah, se eu soubesse tudo isso...
Se eu soubesse todas as respostas...
O mundo não teria a menor graça!
Aí eu ia reclamar do que?
Eu ia aprender o que?
Lara - sabendo que não sabe de nada
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Nadar.
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terça-feira, 7 de setembro de 2010
recortes pt. 4
Antes de começar a “aula”, a mãe do engenheiro disse para o músico que eu lembrava muito a amiga imaginária de seu filho - os dois me olharam com uma cara estranha e tirei o chapéu xadrez da cabeça e o coloquei em cima da mesa. Não entendi o que ela queria dizer com isso, então sorri mais uma vez
Já quase no final da nossa aula, vi a porta da frente abrir e entrar um rapaz de aproximadamente a mesma idade que o músico e assim que esse estranho me viu ficou surpreso. Fiquei olhando para ele um bom tempo porque me parecia muito familiar, mas não consigui me lembrar de onde o conheçia e muito menos interpretar aquela expressão de surpresa em sua cara. O engenheiro então se aproximiu de nós e o músico nos apresentou na maior inocência. Achei estranho todo aquele olhar sobre mim, mas descartei o caso, estava muito feliz para pensar em qualquer outra coisa.
Às onze da noite meu pai me ligou e perguntou onde estava e se planejava voltar para casa alguma hora. Entendi isso como uma maneira indireta dele dizer que já estava na hora de voltar, infelizmente. Como morávamos bem perto um do outro, o músico caminhou comigo até meu bloco, pois seu carro estava na oficina. Quando chegamos na minha portaria surgiu aquele silêncio inevitável. Pensei rapidamente em algo interessante para falar, mas é ele quem fala. “Sabe, você realmente parece com a descrição que meu amigo fez de uma garota que ele conheceu em uma festa.” Não sabendo o que responder, falo: “É mesmo?”.
Ele pausa e responde: “Sim, mas ele deve ter inventado essa historia toda de menina da festa porque ele nunca dá seu telefone para ninguém e muito menos bebe refrigerante em festa open-bar!” Se eu pudesse ver meu rosto nesse exato momento, tenho certeza que me veria empalidecer. Então era da festa que eu conhecia seu amigo. Tudo fazia mais sentido agora! Era por isso que o engenheiro, ao me ver sentada na sua sala de estar tivera aquele olhar de espanto. E eu nunca liguei para ele, pensei!
Meu elevador tinha chegado e acho que ouvi o músico se despedir de mim e falar que me veria na quarta, mas não prestei muita atenção. Aliviada de estar sozinha, decidi não pensar demais no caso e ver o que aconteceria na quarta. Afinal de contas, não iria me acrescentar em nada me preocupar com isso antecipadamente.
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Hoje ele faria 91 anos...
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Meus monstros de estimação
Sou professora. Meu ofício é ensinar. É para isso que eu vivo e é isso que eu sei fazer: ensinar. E não estou falando só de Inglês porque todo professor ensina muito mais que isso. Ensino sobre respeito, responsabilidade, civilidade, perseverança, confiança, caráter. Impossível pensar em sala de aula e não pensar em educação em seu sentido mais amplo. E é isso que eu faço, educo.
Mas hoje fiquei pensando sobre tudo que já ensinei na vida. Não só para os meus alunos, mas para as pessoas que passaram na minha vida. Acho que meu saldo é positivo, mas não consigo não me lamentar pelos montros que eu criei. Pisei deliberadamente em corações que não mereciam ser pisados, xinguei quando não precisava, levantei a voz, critiquei e julguei sem fundamento, apontei o dedo, magoei incontáveis vezes. Não fiz todas essas coisas com a intenção de machucar, mas mesmo assim iso foi inevitável. Muito frequentemente, querendo ou não, ensinei a lição errada.
Como não lamentar que acabei ensinando tudo trocado? Estraguei essas pessoas! Não completamente, é claro, mas estraguei. As minhas antigas versões deixaram nelas marcas que hoje eu não deixaria. Aliás, hoje eu teria feito tudo diferente. Só que o tempo não volta. O que eu fiz, está feito!
E o que acontecem com meus monstrinhos de estimação? Andam por aí aos tropeços, achando que a porcaria que eu ensinei estava certa. E pior: achando q a pessoa idiota que eles conheceram, as Laras antigas, são retratos de quem eu realmente sou. Ah, se eles soubessem...
Por isso, meus caros montros, espero que onde quer que vocês estejam, vocês tenham a chance de reaprenderem as lições tortas que deixei para trás. Esqueçam isso! Muitos de vocês jamais esbarrarão em mim novamente. Não terei a chance de remendar meus erros. Mas espero que alguém o faça. Vocês não merecem o estrago que eu causei. Por menor que seja. E por vocês prometo tentar errar menos. Não quero mais a responsabilidade de criar monstrinhos! Prefiro olhar para o meu passado e sentir orgulho dos traços que desenhei em alguém. Aí sim valerá a pena ter ensinado.
Lara - de liquid paper na mão
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domingo, 5 de setembro de 2010
a sete chaves
o que é seu está guardado!
Bom, então só o que é seu, leitor, por que o que é meu, honestamente, não está guardado não. É sério.
O que é meu perdeu a data de validade e expirou. O que um dia era para ser meu, já saiu de série. Não adianta mais esperar porque descarregou e nunca mais vai funcionar igual. O modelo já está antiquado - e quem quer a versão 2.0 se já fazem a versão 4.5 dele, não é mesmo? Esperei tanto por algo melhor, algo mais digno que se perdeu no meio do caminho, quebrou e parou de funcionar.
O melhor que estava por vir, não veio. Perdeu a carona, se perdeu no meio do caminho, não tinha dinheiro suficiente para o ônibus! As oportunidades se foram - tiraram férias e a ressaca ainda não passou. Aquele emprego ficou com preguiça de aparecer, preferiu ficar vendo filminho em casa com aquele salário que tanto sonhei. E as pessoas que eram para eu conhecer? para eu me apaixonar? que iam me ensinar e fazer com que eu subisse na vida? Todas elas na festa que não fui convidada, que o convite se perdeu no correio.
Eu bobiei e dancei. Eu fui namorar e perdi o meu lugar. Eu não estava de altas!
Ah, essas coisas guardadas que são feitas só para nós e ninguém mais mexe. Alguém acredita? Com você vai ser diferente? O que estava tão bem guardado, desembrulhou, caríssimo. Abriu e ninguém nunca mais viu!
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sábado, 4 de setembro de 2010
recortes pt. 3
Segunda-Feira tinha finalmente chegado! Tinha um dia cheio de aulas e isso me fez pensar que não ficaria pensando muito no que aconteceria a noite, mas a cada vinte minutos me via olhando para o celular com aquela minúscula esperança que talvez ele me ligasse só para confirmar ou dizer que queria antecipar a nossa aula de violão porque tinha finalmente percebido que eu era o grande amor de sua vida e não daria conta de esperar mais nenhum minuto sem me ter por perto! Não é preciso dizer que nada disso aconteceu.
Cheguei em casa um pouco depois das cinco e meia e as seis em ponto recebo uma mensagem dele: “Está de pé nossa aula? Eu não esqueci!” Ri com a mensagem e tentei esperar um pouco para responder, mas não deu muito certo. Respondi que estava de pé sim, e que estaria em sua casa às sete da noite. Tomei banho e admito que nunca pensei que seria tão difícil escolher uma roupa!
As sete e cinco eu estava debaixo de sua portaria e pedi para o porteiro abrir a porta para mim. Como não tinha elevador, subi aquelas escadas um pouco devagar de mais, pois minha timidez e nervosismo estavam se aliando contra mim. Ligeiramente me arrependi de ter concordado com essas aulas e cogitei sair correndo de lá e rezar que nunca mais o encontrasse na minha vida. Antes de poder por meu plano de fuga em ação, ouvi alguém abrindo a porta e ao subir o último degrau, me vi diante daquela figura que a tanto tempo não tinha visto.
Era minha imaginação ou ele tinha ficado mais irresistivelmente bonito? Nunca o tinha visto sem ser com seu chinelo, short e blusa (que nunca combinavam!) e agora me via diante de alguém que usava uma blusa social azul e calça preta e um sapato fechado. Pega por surpresa, eu fiquei momentaneamente com falta de palavras e, portanto fiz o que sempre fazia quando estava perto dele, do músico, sorri.
Assim que me viu, puxou-me para um abraço como se fossemos grandes amigos de infância e que há muito tempo não nos víamos. Achando aquilo estranho, mas definitivamente não reclamando, retornei o abraço. Entrei no apartamento e vi que era totalmente diferente do que tinha imaginado. Não era sujo, não tinha comida espalhada por todos os cantos e não cheirava mal, era de fato o oposto de tudo isso. O músico, divida um apartamento com a mãe e o irmão mais velho de seu melhor amigo, o engenheiro.
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Vontades
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010
recortes pt. 2
No dia seguinte, o engenheiro acordou às três da tarde. Morava em um apartamento com sua mãe, seu irmão mais velho que estava quase se casando e seu melhor amigo.
Ninguém tinha almoçando ainda e então se vestiram e saíram para almoçar no restaurante chinês que ficava na quadra ao lado de seu apartamento. Enquanto esperavam a comida, o engenheiro comentou sobre a festa para os outros. Falou que a música estava muito boa e que até chegou a dar seu número de telefone para uma menina. Os outros, sabendo de sua reputação de mulherengo, começaram a rir e perguntaram o quão bêbado ele estava na festa, por que desde que o conheciam nunca tivera dado seu número de celular para uma mulher, pois era sua tática de evitar problemas.
Não gostando desse comentário e negando que isso era verdade, começou a fazer uma breve descrição física da menina. “Tinha cabelos escuros, era baixinha e bem branquinha e estava usando um chapéu xadrez que combinava com seu vestido preto”.
“Nossa, você acaba de descrever metade do corpo estudantil feminino da UnB. Você conheceu de verdade essa menina ou foi só mais um fruto de sua imaginação nada sóbria?” Ele perguntou rindo com seu próprio comentário. “Ah, eu acredito em você e digo mais, espero que ela ligue mesmo!” A mãe disse, sorrindo para o seu filho. A comida chegou e logo o assunto foi esquecido.
Postado por As Queridonas às 11:33 PM 4 comentários
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Loja de conveniência
Tem uns dias que percebi que preciso urgentemente fazer compras.
Minha geladeira está vazia e os armários, cheios de teia de aranha.
Eu queria que desse para esperar um pouco mais, mas cheguei no meu limite.
Terei que sair do meu casulo ainda hoje e sabe por quê?
Porque preciso comprar:
- 5 potes de coragem para sair da cama todo dia
- 3 botijões de gás para ir para academia
- 10 kg de auto-estima
- 6 kg de confiança
- 8 caixas de comprimidos contra preguiça
- 1 sacola resistente para carregar o peso da minha consciência
- 3 galões de 20 litros de paciência
- 4 dúzias de inspiração e boas ideias
- 5 potes de creme anti-pessimismo
- 7 sacos de balinhas conta ansiedade
Será que estou lembrando de tudo que eu preciso?
Aposto que não!
Mas quando eu chegar na loja de conveniência, garanto que vou achar pelo menos mais umas 10 coisas que eu nem sabia que estava precisando.
Alguém quer ir fazer compras comigo?
Postado por As Queridonas às 12:15 PM 3 comentários
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
recortes pt. 1
Era sábado à noite e eu não estava nem um pouco a fim de sair, muito menos com pique de ir para uma festa e voltar para casa no dia seguinte com cheiro de cigarro e maconha impregnados no meu cabelo e minha roupa. Estava a fim de ficar em casa e ver um filme qualquer na HBO e dormir cedo. Obviamente o destino tinha outros planos em mente.
Havia uma festa na universidade em que estudava na qual um dos meus melhores amigos iria ter sua estréia como DJ nela. Não tive como fugir e à uma hora da manhâ me vi saindo de casa com uma energia que animaria qualquer festa. (Sim, leia-se essa frase com um tom carregado de sarcasmo).
Cheguei na festa e a música estava ridiculamente boa – fiz uma nota mental de agradecer e parabenizar meu amigo pela excelente seleção de músicas mais tarde. Encontrei vários amigos do meu curso lá e isso me animou, era raro encontrar com eles fora de um ambiente acadêmico. Aos poucos fui me empolgando mais com a festa e ao ver todo mundo se divertindo, acabei entrando no clima e esquecendo daquela minha preguiça negativa que me impedia de sair de casa.
Estava morrendo de sede, um fato raro, pois nunca sentia sede, muito menos a noite e em festas, e decidi ir ao bar para comprar um refrigerante e aproveitar para ver se tinha algum conhecido meu trabalhando lá. Assim que me aproximei do bar vi um grande amigo meu da biologia no bar e ele chamou meu nome. Fui o cumprimentar e ele me perguntou qual seria o meu refrigerante de escolha para a noite. Ri porque todos que me conheciam sabiam que eu não gostava muito de bebias alcoólicas e ele nem fez questão de fingir que não sabia disso.
No instante que eu falei que queria um Guaraná, veio um rapaz com todo ar de quem faz o curso de engenharia e veio pedir um Guaraná também. Virei para olhar para ele e não acreditei que ele tinha pedido um refrigerante no meio de uma festa open-bar! Meu amigo foi pegar nossas bebidas e voltou com só um Guaraná. “Não vai me dizer que esse é o último Guaraná da festa!” falei com um tom incrédulo.
“Antes fosse esse o problema, essa latinha aqui é o último refrigerante da noite. E aí, quem de vocês vai levar?” Meu amigo nos perguntou. Fiquei realmente surpresa com a pergunta, estava esperando que ele me desse sem nenhuma cerimônia, afinal de contas era meu amigo e sabia que não gostava de bebidas com álcool.
“Ah, eu não posso tomar bebidas alcoólicas e a água já acabou e eu estou morrendo de sede, e eu estava aqui antes dela.” Foram os argumentos usados pelo estranho da engenharia.
“Nada a ver! Eu estava aqui bem antes de você! E eu duvido que você não beba bebidas alcoólicas!” Respondi numa voz de menina que não conseguiu o que queria.
“Mas é sério, eu não posso beber, além de ter um problema no fígado, meu pai era alcoólatra e desde que ele se recuperou eu fiz uma promessa em nunca mais beber.” O estranho rapaz falou tudo isso com um tom de voz muito sério que me fez acreditar naquela história.
Antes que eu pudesse responder, o barman que se dizia ser meu amigo respondeu: “A bebida é sua, minha amiga aqui não é tão egoísta ao ponto de não dar um refrigerante a alguém que realmente não tem nenhuma opção de bebidas a não ser essa aqui.”
Eu ia começar a falar alguma coisa quando de novo, meu amigo me interrompeu com suas palavras: “Mas isso não quer dizer que você também não possa retribuir o favor, pega o celular dela e quem sabe um dia você não paga para ela um refrigerante?” Ele falou tudo isso sorrindo e me olhou como quem tivesse feito um grande favor para mim.
“Nada, não é preciso me pagar um refrigerante hoje nem algum outro dia. É sério, refrigerante engorda.” Essa foi a desculpa que dei para tentar diminuir o estrago que meu amigo tinha feito. “Te pago um suco então, e já que você não confia em mim, te dou meu número em vez de você me dar o seu, e daí você me liga quando tiver afim de me fazer retribuir esse favor, o que você acha?” Realmente me impressionava como esse rapaz conseguia ficar tão serio diante de uma situação tão inusitada como aquela. Por que ele insistia em manter contato depois dessa festa, afinal de contas era só um Guaraná!
Meu amigo, claramente se divertindo com aquela conversa não hesitou em falar que achava aquilo uma ótima idéia e me fez tirar o celular do bolso e anotar direitinho o número do celular do estranho. Assim que o fiz ele se despediu e falou: “É para ligar mesmo, hein! Vou esperar sua ligação, por favor, não quebre meu coração!”. Meu amigo riu bem alto e gritou: “Pode deixar, ela vai ligar sim!”, mas nem sei se o engenheiro tinha escutado aquilo. Fiquei fazendo companhia para meu amigo por mais um bom tempo, bebendo aos poucos uma cerveja que já estava quente. Realmente eu não conseguia ver a graça daquela bebida.
Depois que saí do bar, fui dançar com umas amigas que tinha encontrado no caminho para o banheiro e ficamos lá até quase terminar a festa. Voltei para casa já quase com o sol saindo para inaugurar mais um dia quente e seco em Brasília.
Postado por As Queridonas às 8:12 PM 1 comentários
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