quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Encabulada (continuação)

Na última ligação, ele disse que estava pensando sobre o namoro e que talvez aquilo não fosse dar certo - que talvez tivesse se precipitado demais. Disse ainda que estava sentido falta da tal “paixão avassaladora” e que isso era fundamental para o sucesso de qualquer relação. Apesar da inexperiência em relacionamentos, ela já tinha uma idéia do que ele realmente estava querendo dizer. E como sempre foi objetiva na vida, disse:

- Você quer terminar? É isso? Tudo bem. Mas você começou esse namoro olhando na minha cara então o mínimo que você pode fazer é terminar ele aqui, na minha frente e olhando nos meus olhos.

O rapaz então disse que poderia ter se expressado mal, que não era bem isso que ele queria dizer, mas que de qualquer forma eles precisavam conversar e que isso seria feito assim que ele retornasse de viagem. Ok. Acrescentou ainda que os pais o buscariam no aeroporto e que ele ligaria para marcar um encontro – mas só depois que fizesse a prova do concurso que quase todo mundo em Brasília ia fazer, ou seja: uma semana depois de voltar de viagem. Muito bom!

Quando aquela esquisita ligação terminou, a professora só conseguia pensar em uma coisa: doença – é isso! Ele deve ter sérios problemas psicológicos e precisa urgentemente de tratamento. E agora parecia que ela também precisava de alguma coisa – estava possessa! “Como pode, eu estava quietinha, Senhor. Esse infeliz entra na minha vida e depois faz uma coisa dessas... sem nenhuma explicação decente e do nada”.

Ela tinha esperado tanto tempo pela pessoa ‘certa’ e em pouco tempo descobriu que a sua super aposta, que tinha tudo pra ser um sucesso no começo considerando tamanha dedicação do rapaz, foi a maior furada da sua vida. “Que ódio” – ela repetia sem se dar conta. E então, depois que a raiva e o ódio passaram, ela chorou. Chorou porque estava se achando uma idiota de ter confiado tão rápido em alguém que ela mal conhecia. Chorou porque já estava sentindo falta das ligações e mensagens e encontros e beijos. Chorou porque não conseguia entender o que tinha feito de errado...

Então, ela se deu conta que, naquele momento, precisava mesmo era de alguém para confortá-la. Imediatamente ligou para sua melhor amiga que ao saber do ocorrido, sem nem pestanejar, disse:

- Ele tem outra. Certeza. Essas coisas não acontecem assim. Com certeza ele saiu lá, encontrou alguém e está se achando. Pode até não ter ficado com ela nem nada, mas com certeza ficou balançado e estava carente... Vocês estavam namorando há o quê? 5 meses, né?

- Isso, quase 5 meses – disse a professora ainda inconsolada.

- E era só beijos e abraços, né?!

- Claro, você sabe que eu quero casar antes de qualquer coisa.

- Então você já sabe o que deve ser o sinônimo de paixão avassaladora, né? Mas é isso, bola pra frente. Tudo acontecesse por uma razão, às vezes é pra te mostrar que não existe pessoa perfeita... e que muita água vai passar debaixo da ponte ainda... E no fim é bom acontecer essas coisas, a gente sempre aprende alguma coisa... Ânimo, amiga, tem muita gente nesse mundo!!!

Mas a nova solteira só conseguia pensar na repentina mudança de comportamento do rapaz. Dentro dela algo dizia que tinha relação com outra pessoa, só que ela não queria acreditar. Depois que sua amiga pronunciou aquelas palavras foi como se o pensamento tivesse se transformado em realidade. E doeu mais ainda.

Quanto a paixão avassaladora, ela não sabia muito o que dizer – não tinha conhecimento de causa. O que ela sabia era que paixão é um tipo de sentimento muito instável e que não dá pra construir nada sólido tendo ela como base. Só o amor pode ser essa base. E provavelmente não fosse esse o caso.

1 comentários:

Shimabuko disse...

Hum... parece que cada parte do texto vai me deixar com uma impressão diferente da história... A mim ainda parece que eles terão uma separação definitiva, mas que não será essa, acho que quando ele voltar ela vai perceber que foi um mal entendido e tudo vai ficar bem (talvez nao tanto quanto no inicio) por um tempinho e aí as coisas vão começar a ficar ruins de vez =P

Mas isso sou eu tentando advinhar a história. Nunca se sabe o que passa na cabeça do autor (no caso autora) certo?