terça-feira, 14 de setembro de 2010

Encabulada

“Namora comigo? Eu posso te fazer muito feliz – só preciso de uma chance”.

Não foi a primeira vez que a professora ouviu um pedido desse tipo – mas foi a primeira vez que ela se sentiu inclinada a aceitar. E o motivo não tinha nada a ver com amor, paixão ou qualquer coisa parecida. Aquela inclinação era resultado das várias investidas do rapaz. “Tanta persistência assim deve significar alguma coisa, talvez seja desígnio divino” – pensou ela.

Assim, aos 23 anos, ela finalmente decidiu aceitar um pedido de namoro. Sim, aos 23 anos! Ela já estava formada, tinha um bom emprego, já havia viajado para vários lugares e estava começando a sentir falta de algo que nem ela sabia explicar direito. Um namorado, ou melhor, um companheiro poderia ser esse algo. E o rapaz em questão, que insistia em agradá-la de todas as formas, poderia ser esse alguém. Afinal, eles compartilhavam crenças, tinham gostos parecidos e estavam dispostos a investir em uma relação – então, por que não?

Começaram a namorar. E a professora, tão acostumada com sua independência, se viu obrigada a abrir caminho para algumas mudanças no seu dia-a-dia. Eram mensagens e telefonemas e almoços e cinemas e jantares mais que freqüentes. Aos poucos, ela – que inicialmente demonstrava certa frieza, fruto da sua inexperiência – foi se soltando e viu que sabia ser carinhosa. Percebeu que estava gostando tanto da nova experiência quanto do persistente rapaz.

Os dois estavam juntos a pouco menos de um mês e tiveram a primeira separação (provisória!). Ela fez uma viagem ao exterior, e diferente do que estava acostumada, teve que ligar para a cidade natal com bastante frequência. No começo ela se esquecia ou até mesmo estranhava ter que dar satisfação dos seus dias de férias. Mas depois, apegou-se ao ritual e inclusive tinha a necessidade de partilhar as novidades. Ao voltar de viagem, foi apresentada para a família dele e sentiu que aquilo realmente poderia dar certo. Seria o primeiro namorado, seu futuro marido? Era aquilo que estava reservado para ela? Parecia que sim. E ela acreditava.

Três meses depois, aconteceu a segunda separação (provisória!) – era a vez dele viajar. O rapaz ia visitar uns parentes na cidade que nunca dorme e dizia já estar com saudades antes mesmo de embarcar. Prometeu ligar para a namorada todos os 22 dias da viagem – e foi assim nas 2 semanas que se seguiram. Mas depois de um domingo, ele só voltou a dar notícias para ela na quarta-feira. A namorada inclusive já estava morta de preocupação, achando que algo grave pudesse ter acontecido. Mas, aparentemente, não era nada demais – ele tinha passado por uns contratempos. E esses contratempos, aparentemente, devem ter sido bem grandes mesmo, pois o rapaz ligou apenas duas vezes depois....

3 comentários:

Shimabuko disse...

Por um momento ache que estava lendo uma parte dos "recortes" que tem no blog hahaha
Ficou muito bom... Não sei se esse texto vai ter continuação porque mesmo se não tiver ele por si só já basta, mas eu não consigo parar de imaginar como seria a continuação dele. Acho que ela levaria inevitavelmente a uma separação não tão provisória assim =P

Shimabuko

Rosana Araújo disse...

hahahha Os recortes são da Steph!

E que bom que vc gostou! Quanto a continuação, pode deixar que vai ter sim! E aí depois vc me conta se pensou em algo parecido ou não... Fiquei curiosa! =)

Lara disse...

Quase q vc me mata agora com essa história, hein, Rô.
Essa mania das queridonas de escrever sobre "realidade"...
Bom, de onde quer q tenha vindo esse, que venham muitos outros!
Bj