segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sobre vuvuzelas e jabulanis

Nada melhor do que Copa do Mundo. Nem mesmo as Olimpíadas conseguem ser tão especiais, tão singulares. Um único esporte fascina o mundo todo por um mísero mês a cada quatro anos. Congela o tempo. Vidra. Não há quem ignore esse evento tão mágico. Nem mesmo aqueles que preferem usar as mãos, como os norte-americanos, os australianos e os neozelandeses. Todos se rendem. Sem exceção.

Mas aqui no Brasil, é diferente. Tudo se potencializa. Tudo fica maior durante a Copa. E é justamente isso que nos faz ser os melhores do mundo. Copa aqui é demais! Começa com os que se ocupam de comprar inúmeras bandeiras pra enfeitar as janelas dos carros e das casas e com os críticos do patriotismo quadrianual. O sentimento nacionalista se fortalece com o comércio de camisetas, esmaltes, brincos, pulseiras, chapéus. Tudo ganha uma bandeira do Brasil e o verde e amarelo imperam. O país nteiro para para ver os jogos da seleção.

Até aí, nada demais. O mesmo deve acontecer em muitos lugares. O que nos distingue do resto do mundo é que aqui a paixão pelo futebol é muito peculiar. Mesmo quem não dá a mínima para o mundo futebolístico se antena na Copa. Além disso, o astral vira outro. Os engarrafamentos pré-jogo não nos incomodam tanto porque tudo é motivo de festa. Nos juntamos com quem a gente gosta para assistir aos jogos, para dar pitaco na escalação, para botar defeito em tudo, para xingar a arbitragem. Porque brasileiro é assim: todos se acham técnico da seleção. O time nunca está como a gente acha que deveria, né não?

Aqui por essas bandas, época de Copa também é época de secar a Argentina. De assistir aos jogos deles e torcer para que eles percam bem bonito. É época de sentir vontade de dar uma surra no Maradona por se achar melhor que o Pelé! Que absurdo! Que abuso, Dieguito! É época de rir da cara da Itália toda vez que eles perdem um gol. E torcer para que a Alemanha, a França e a Espanha também se lasquem. Mas também é época ter uma vontade (e um medo) enorme de que a final seja Brasil e Argentina. Porque aí sim ia ser lindo! Porque ganhar é bom, mas da Argentina....Nossa! É melhor ainda!

Ser brasileirro em época de Copa é tão divertido que a gente se ocupa de criar uma campanha fictícia na internet para calar o Galvão Bueno, gente. Quem mais no mundo se ocupa disso? Quem se ocupa de se instalar na porta da concentração da argentina só para irritar os hermanos? Brasileiro não tem limite! Se ocupa de reinventar sua torcida a cada jogo.

E olha só, eu sei que é ano de eleição, e que é hipócrita só ser patriota na hora da Copa, e que existem mais coisas acontecendo no mundo além disso e blá blá blá. Mas Copa é Copa. Copa é mágico! Porque traduz a beleza de ser brasileiro. E não, isso não é clichê barato, não. É na Copa que a gente mostra para o mundo todo como brasileiro é um povo unido (até no ódio aos hermanos), alegre, divertido. A gente mostra o que é acreditar até o fim, torcer apaixonada e fervorosamente, ter amor a uma camisa, garra, força de vontade. Não há quem não se orgulhe das nossas cinco estrelas!

Não nos crucifiquem por isso. Ninguém deixa de ser patriota depois que a Copa acaba, sabia? Nosso amor ao país, ao contrário do que muitos pensam, não está condicionado aos nossos grandes feitos futebolísticos. Nenhum brasileiro está se esquecendo das eleições ou das notícias do resto do mundo. Estamos apenas nos dando o direito de desfrutar plenamente da grandeza da Copa. Daqui a menos de um mês, o mundo voltará ao normal. Assitiremos ao horário político, falaremos das desgraças mundiais, surportaremos os argentinos (um pouco), deixaremos de odiar (tanto) o Dunga, detestaremos engarrafamentos, não faremos tantos churrascos com os amigos. Mas até lá... Até lá a gente vai curtir a Copa ao máximo até o último segundo, torcendo para que as ensurdecedoras vuvuzelas toquem a nosso favor e que as jabulanis enfeitem a rede dos nossos adversários. Nossa missão patriótica só termina quando o Lúcio levantar a taça pela sexta vez e o país todo parar para comemorar o hexa.

Lara -  torcendo incansavelmente pelo Brasil e contra a Argentina (porque Rei só teve um, Maradona, e nunca foi você :P)

1 comentários:

Unknown disse...

Lari, adorei!
parabéns pelo lindo texto! :)
steph, the native mais brasileira que rola!